Sobre a China

 

Tenho feito varias conferencias sobre a China, na  China, Estados Unidos e Europa.

O meu próximo livro terá como título A minha China e o seu principal objecto é mostrar como vejo a China depois de tantas viagens a este país. Incluirá vários textos que escrevi sobre a China.

Acreditem que há uma enorme diferença entre falar sobre a China depois de ter visitado o país inúmeras vezes, ter conhecido inúmeras cidades e falado com muita gente e opinar sobre a China com base em conhecimento livresco e ideias feitas.

A reforma lançada por Deng Xiaoping a partir de Shenzhen em 1978 resultou num processo de crescimento verdadeiramente fenomenal e a uma mudança no equilíbrio de forças a nível mundial que ninguém antecipou. Medido em PPP, o PIB da China já é superior ao dos Estados Unidos e será superior em 50% dentro de alguns anos, a manter-se a tendencia actual.

Os debates sobre a China estão, de certo modo, envenenados pela questão das relações de força a nível global. Foi criado o conceito de “armadilha de Tucidides” para referir os problemas que surgem sempre que há uma mudança na potencia dominante. A análise do passado mostra que muitas vezes ocorreram problemas sérios, nomeadamente guerras, mas penso que tal não é inevitável.

Agarrei com as duas mãos a oportunidade de assistir ao vivo a mudanças importantíssimas, nomeadamente no que respeita às alterações climáticas, energias renováveis e mobilidade elétrica, em que a China é líder mundial. Porém, o que mais me impressionou foi a velocidade de adopção das novas tecnologias digitais. Por exemplo, lembro-me de que na primeira vez que ensinei na China virtualmente todos os pagamentos eram feitos com notas e que passado pouco tempo passaram todos a ser feitos de forma eletrônica. Num pequeníssimo espaço de tempo, a China tinha criado o sistema de pagamentos mais avançado do mundo.

Digo abertamente que esta experiencia na China me enriqueceu imenso, que há aspectos das políticas levadas a cabo pela China que merecem ser copiados, que a cultura da China é  bastante desconhecida e que, em termos gerais, gosto dos chineses.

Acredito que é mais importante criar pontes, por mais difícil que tal seja, do que destruir pontes.

As relações familiares são muitíssimo mais sólidas do que no Ocidente, há um grande respeito pelos mais velhos e os hábitos de trabalho são muito superiores. Não há comparação. A aposta que as famílias chinesas fazem na educação dos seus filhos não tem paralelo e roça as fronteiras do exagero.

Conheci as famílias de muitos dos meus alunos chineses nos Estados unidos e estou seguro de que este website e o livro Confinado vão chegar ao seu conhecimento.

Os meus alunos chineses tiveram grandes atenções comigo durante a pandemia.

Confinado tem um capítulo sobre a China. Uma das razões é haver referencias sobre a China muito desagradáveis no processo EDP. Permito-me sugerir aos senhores procuradores que, em vez de lançarem insinuações sobre os convites que tenho tido para ensinar na China, esclareçam as suas dúvidas junto do Embaixada da República da China em Portugal.

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